As vezes não entendemos....

Era uma quinta-feira, dia 6 de janeiro deste ano, o Eduardo tinha 9 dias, era tão pequeno, tão frágil!! E eu estava tão feliz, com meu bebezinho, meu recém-nascido, tão esperado, tão querido. Eu estava em casa com a Vi e com o Dudu, o marido já estava trabalhando, e eu cuidava dos pequenos.

No meio da tarde eu estava amamentando o Dudu e ele mamou super bem, como sempre fez, daí parou de mamar ficou quetinho e eu o coloquei para arrotar, passaram 10 segundos quando eu olhei para seu rostinho e levei o maior susto da minha vida!!! Ele estava roxo, roxinho, meu bebê, tão pequeno, não estava respirando, dei um pulo, chacoalhei, assoprei a boquinha dele e ele ali paradinho, molinho. Meu Deus!!!!! O que aconteceu??? Não leve o meu bebê!!! Era a única coisa q eu pensava... assoprei mais algumas vezes e ele começou a voltar, voltou a respirar, a cor voltou lentamente, mas ele continuava bem mais molinho que o normal. A Vivi ligou para o marido, ele veio correndo, fez em 10 minutos um percurso que leva no mínimo 30!! Quando ele chegou o Dudu já estava reagindo, começou a chorar e eu deixei, liguei para a pediatra e ela me acalmou dizendo que provavelmente ele tinha se engasgado, eu fiquei mais calma e daí pra frente não tirei mais os olhos dele.


A sexta-feira passou normalmente e o final de semana foi tranquilo, recebemos visitas e o Eduardo estava ótimo, a Victória super feliz com o irmãozinho e eu realizada como mãe! A segunda-feira chegou e o marido veio para casa na hora do almoço, como tudo estava super tranquilo, eu já estava convencida que tinha sido só um engasgo mesmo, fomos almoçar no shopping, coloquei o Dudu no bebê conforto e fomos. Ele estava dormindo e nós almoçando, quando ouço/sinto algo mandando eu olhar para ele, eu estava sempre olhando entre uma garfada e outra, mas naquele momento eu olhei e ele estava roxo novamente. Não acreditei, tirei ele do bebê conforto, no meio da praça de alimentação, chacoalhei de novo, fiz aquele movimento para desengasgar o bebê, assoprei e novamente ele começou a voltar, nesse momento eu já estava em prantos com marido me abraçando, Victória desesperada, todo mundo olhando e o Eduardo ali voltando, todo inerte, todo molinho, eu só conseguia pedir para Deus não levar meu bebê, me desesperei, fomos para o hospital, chegando lá o Eduardo parecia o bebê mais saudável, o médico fez os exames normais e em 10 minutos de consulta disse que não tinha nada de errado aparentemente com ele mas que era bom a gente investigar e blá blá blá, e eu só queria que ele me desse alguma resposta, que ele pedisse exames, um raio x de torax pra ver se não era refluxo, que internasse o Dudu, que ficasse em observação, como eu iria dormir a noite correndo o risco dele parar de respirar e não voltar mais???? Mas nada, o médico não fez nada.

Fui para casa e liguei para a pediatra dele, ela pediu que o levasse lá para ela examinar.  Fomos então no consultório expliquei o que tinha acontecido, que da segunda vez ele já havia mamado fazia tempo e ele apenas tinha parado de respirar, assim do nada. Ela solicitou alguns exames e indicou que o levássemos a um neuro. Eu não queria pensar aquilo, não podia pensar que meu pequenininho pudesse ter algum problema neurológico, ficava me convencendo de que ele devia ter refluxo mesmo.

Na noite seguinte eu praticamente não dormi, ficava todo momento espiando pra ver se ele estava respirando, parece coisa de mãe doida, mas ele já tinha parado de respirar duas vezes e eu ainda não sabia o motivo, então melhor ficar de olho.

Terça-feira chegou e com ela mais angústia. logo pela manhã o Dudu teve outra crise, parou de respirar, ficou roxo, eu chacoalhei, chorei, reanimei meu bebê, agora você imagina uma mãe, que esperou tanto o seu bebezinho, ter que de repente ficar reanimando o pequeno?? Foi desesperador, a angústia tomou conta de mim, preferi não ficar mais em casa sozinha com as crianças. Fui para casa da minha mãe, passei a tarde lá com ela, sempre de olhos no pequeno e pra minha infelicidade ele teve mais outras duas crises no mesmo dia!!! Eu não podia acreditar, e sempre estava só eu e a Vivi junto, minha mãe não viu e chegou a pensar que eu estava impressionada, que devia ser coisa da minha cabeça. Fui para casa, já tinha marcado os exames e não via a hora de descobrir porque o Eduardo parava de respirar, será que ele se engasgava?

Quarta-feira e eu ainda não sabia o que estava acontecendo, fui mais uma vez para casa da minha mãe, e mais duas vezes tive que reanimá-lo, não aguentava mais aquilo, estava totalmente desesperada, não sabia o que fazer. Fim de tarde quando estava voltando para casa ele teve uma crise séria dentro do carro, a Vivi estava olhando ele pra mim, e eu sempre perguntando se ele estava respirando, de repente ela fala: Mamãe o Dudi tá roxo, eu parei o carro, tirei ele do bebê conforto e mais uma vez me deparei com meu bebê ali, tão pequeno, tão frágil, tão dependente, totalmente roxo!!! Comecei a chorar incontrolavelmente, liguei para minha mãe e ela mandou eu passar lá na casa dela naquele mesmo momento pois nós levaríamos ele no hospital e só sairíamos de lá com uma resposta, que aquilo não era normal e que não era refluxo também!!!

E lá fomos nós, neste momento eu não conseguia mais falar, se eu tentasse falar algo já começava a chorar, minha mãe e o marido tiveram que passar todos os dados para a recepcionista e logo fomos atendidos. Uma médica muito atenciosa examinou ele novamente, eu consegui contar tudo o que havia acontecido e que só naquele dia ele já tinha tido 3 crises, ela decidiu interná-lo dizendo que provavelmente ele estava tendo crises convulsivas. (Mas como assim??? Convulsão não é aquilo que as pessoas ficam se contorcendo e espumando??? Não, não é.) Apesar do triste diagnóstico eu fiquei aliviada naquele momento, afinal estando no hospital ele poderia fazer todos os exames e com certeza descobririam o que estava acontecendo. A médica estava preenchendo os papéis para o internamento quando eu olho mais uma vez para o Eduardo e ele estava tendo uma crise naquele momento!! Foi o tempo de eu falar para a médica e ela pegou ele dos meus braços, correu hospital adentro, colocou-o em cima de uma maca e colocou oxigênio no rostinho dele. Meu coração parou, ele não respirava, não adiantava colocar oxigênio!!! Eu gritei!!!!! Não Doutora!!!! Tem que chacoalhar ele!!!!! Ela virou com toda a tranquilidade do mundo e disse: calma mãe, ele já está voltando. No mesmo momento já lhe aplicaram um anti-convulsivo e uma enfermeira fez uns 5 furos nele até conseguir achar uma veia pra colocar o acesso, eu não podia aguentar aquilo, pela primeira vez minha mãe tinha presenciado uma crise e se desesperou também, ficou comigo o tempo todo.

Marido deu entrada no internamento e deu todo o apoio com a Vivi, levei o Dudu para o quarto e ali fiquei com ele, a igreja que participamos entrou em oração e eu recebi uma ligação muito especial do Pastor, que foi tremendamente usado por Deus naquele momento.

Dudu fez um monte de exames, tomografia, eletro-cardio, eletro-encefalo, e exames de sangue todos os 5 dias que ficou internado, era de doer o coração, aquele bracinho, aquelas mini veias, mas ele foi guerreiro, colaborou com todos os exames, que deram normais, tiveram pequenas alterações nos exames de sangue do primeiro dia, mas nada que justificassem as convulsões, todos os outros exames deram resultado normal!!!

Ele seguiu tomando gardenal (anti-convulsivo) nos seus 4 primeiros meses de vida, a informação que eu tive é que o medicamento pode trazer um atraso psico-motor, isso não aconteceu, Eduardo sempre fez tudo no devido tempo, até começou a engatinhar cedo, com 7 meses e agora com 9 não pára um minuto!!! É um bebê super inteligente e saudável. Nunca descobri porque ele teve essas crises, as vezes não entendemos porque certas coisas acontecem, só nos resta crer em Deus.

                                 Meu bicudinho com 1 mês de vida!